sábado, 18 de agosto de 2018

Homónimo Venâncio, eu ainda sou do tempo...

É verdade, caro Fernando. Subi ao Pico pela primeira vez em Agosto de 1990.
Tinha vindo para o Faial para fazer companhia à minha irmã que estava gravidíssima na sua primeira vez destas coisas. Os médicos recomendavam-lhe repouso absoluto.
Num dos dias da estada, meti os pés ao caminho, atravessei o Canal, vendo peixes-voadores como penso que nunca mais voltei a ver.
Já esta primeira subida tem muito para contar; depois o farei.
O que quero dizer-te agora é o seguinte: subir em 1990 é dizer que eu sou ainda do tempo em que

  1. tanto quanto sei, não havia quaisquer regras obrigatórias para cumprir antes, durante e depois da subida da Montanha. Apenas a recomendação de que passássemos pelo quartel dos bombeiros da Madalena a avisarmos que iríamos subir, e qual a previsão da volta; à volta, passaríamos outra vez lá a dizer «Já voltei. Obrigado!»;
  2. em que passou a haver, durante a parte mais carregada de aventureiros do Verão, no fim da estrada de alcatrão que quase nos põe na furna do Pico, um carro dos bombeiros da Madalena, com dois dos seus efectivos, que faziam o controlo das subidas e descidas dos montanhistas. Desta primeira vez de contacto com os bombeiros no começo do trilho também tenho uma história engraçadíssima;
  3. em que foi construída uma pequena Casa da Montanha, que passou a fazer o registo mais formal dos escaladores e a avisá-los acerca do cumprimento de determinadas regras. Nesta altura eram já evidentes alguns procedimentos de controlo do número de pessoas montanha acima montanha abaixo;
  4. em que se tornaram absolutamente regulados e compulsivos- e pagos! - os procedimentos para subir a Montanha. É o que vigora actualmente.